Este post sobre desenvolvimento ágil é um pouco diferente. Ele é um guest post, ou seja, foi escrito por um convidado. O autor deste artigo é Carlos Eduardo Camolesi – Empreendedor Serial e Programador.

Cansado de escutar que profissionais devem ter foco no resultado? E que deve investir em ferramentas e processos bem definidos para isso?

Acaba usando a maior parte do tempo se adequando ao que consultores e gurus de negócios dizem ser a melhor forma de se trabalhar. Já investiu ou está investindo recursos para definir processos e aplicou alguma metodologia de produtividade dentro do seu negócio ou empresa. O trabalho ficou mecânico, mais estressante e os resultados não vieram, e no final nada melhorou?

Se você se identifica com essa situação, então esse artigo é para você.

 

COMO AS COISAS SÃO

Cada vez mais empreendedores buscam aumentar seu desempenho, minimizar riscos, cumprir prazos e melhorar a comunicação entre os colaboradores.

A solução encontrada por muitos é investir em metodologias, ferramentas, documentação e planejamento. Isso, muitas vezes acaba criando processos engessados que em teoria deveriam aumentar a chance de sucesso de um projeto.

Esse foi o caminho que grandes empresas de desenvolvimento de software tomaram, porém estão errando feio. Segundo levantamento feito pelo Standish Group no Chaos Report analisando 50.000 projetos no mundo, concluiu-se que:

Em 2015 apenas 29% dos projetos entregues são considerados sucesso, 19% puro fracasso (cancelados, ou engavetados – nunca colocados em produção ou utilizados pelo cliente), 52% contestados (sofreram atrasos, estouraram o orçamento, não atendem as necessidades, estão cheios de defeitos).

desenvolvimento ágil

Esse outro gráfico demonstra que quanto maior o projeto maior o porcentagem do fracasso.

desenvolvimento ágil

Como proposta para solucionar essa situação, foi criado uma filosofia chamada de Desenvolvimento Ágil, na qual o que é valorizado está descrito em seu Manifesto:

Indivíduos e interações mais que processos e ferramentas

Software em funcionamento mais que documentação abrangente

Colaboração com o cliente mais que negociação de contratos

Responder a mudanças mais que seguir um plano

Ou seja, mesmo havendo valor nos itens à direita, são valorizados os itens à esquerda.

Segue o gráfico que compara a taxa de sucesso do Desenvolvimento Ágil com o Desenvolvimento em Cascata (Waterfall), que é o modelo tradicional.

desenvolvimento ágil

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DESENVOLVIMENTO EM CASCATA

O Desenvolvimento em Cascata (Waterfall), foi baseado em indústrias de manufatura e construção e apresentado pela primeira vez por Winston W. Royce em 1970 em um artigo. E por isso seu processo é sequencial e linear.

Essa é uma versão simplificada das iterações:

1º Descoberta: Levantamento de requisitos;

2º Design: Especificações técnicas e designer;

3º Desenvolvimento: Desenvolvimento e testes internos;

4º Teste: Implantação e teste no cliente;

 

DESENVOLVIMENTO ÁGIL

Já no Desenvolvimento Ágil essas quatro iterações são cíclicas, permitindo que mudanças, situações não previstas e problemas de comunicação sejam corrigidos, e novos requisitos identificados. Quanto menos foi desenvolvido mais rápido, fácil e barato fica a alteração.

 

desenvolvimento ágil

Para aplicar os princípios do desenvolvimento ágil no desenvolvimento de software foram criadas algumas metodologias como: SCRUM, XP (eXtreming Programing), Adaptive Software Process, Feature Driven Development (FDD), Crystal, Agile Modeling e Win-Win Spiral.

A QUESTÃO

O foco não é entrar em cada metodologia, pois como foi demonstrado é um erro acreditar que a metodologia ou ferramenta usada aumentará a chance de sucesso. Mesmo porque essas metodologias são especificas para desenvolvimento de software, mas tiraremos proveito de algumas práticas que podem ser adaptadas para qualquer situação.

O mais importante é entender e aplicar os princípios para que colaborem na melhoria ou criação de novos produtos e serviços com foco na satisfação da necessidade do cliente.

A seguir, alguns exemplos, mostram como adaptar e implementar de forma simples e prática em seu próprio negócio os princípios do Desenvolvimento Ágil.

O MAIOR PROBLEMA

O maior problema nos processos que buscam a melhoria ou criação de novos produtos e serviços com foco na satisfação da necessidade do cliente é a COMUNICAÇÃO. A falta dela cria problemas de INTEGRAÇÃO entre os diferentes departamentos, impossibilitando que se encontre a CLAREZA da necessidade e melhor solução. Basicamente esse é o drama vivenciado:

O cliente não consegue expressar com clareza sua necessidade ao gerente. Este, por sua vez, cria os requisitos, que também não são interpretados corretamente pelos engenheiros, designers, programadores e vendedores. Aplique esse drama para qualquer comunicação realizada.

Essa ilustração representa muito bem a confusão que a falta ou má comunicação e integração entre as equipes promove:

desenvolvimento ágil

COMO AS COISAS PODERIAM SER

O objetivo primário de todo produto e serviço é solucionar de forma que satisfaça as necessidades e critérios estabelecidos pelo cliente. Esse é o princípio mais importante durante toda a jornada.

 Como lidar com a COMUNICAÇÃO?

  • Escute o Cliente

Se possível, faças as primeiras reuniões pessoalmente, gestos, expressões faciais, tom de voz, quanto mais elementos envolvidos, mais claro será a comunicação.

Vá ao encontro do cliente em seu ambiente de trabalho, isso possibilita conhecer aspectos importantes e detalhes que não seriam falados.

Caso não seja possível, use o skype, ou qualquer outro software que possibilita ver e ouvir.

  • Cuidado com o que o cliente pede

Nem sempre o que ele quer é aquilo que vai atende-lo. Busque entender o que ele está querendo conseguir com aquilo que está pedindo. Por exemplo:

Uma escola me pediu indicação de um bom profissional de photoshop. Apesar de conhecer um, não indiquei e preferi perguntar “Para que? ”. A resposta foi que queriam divulgar um curso pela internet. Então no final das contas, não é uma arte bonita que irá cumprir o objetivo de vender online, mas sim um profissional de marketing digital. Ou seja, a escola estava buscando pelo profissional errado para sua real necessidade.

  • Entenda como a questão está sendo resolvida atualmente

Antes de sugerir soluções, ou começar a definir, entenda como é o funcionamento, quem são os envolvidos e como fazem. Há detalhes extremamente importantes que somente quem realiza a tarefa sabe. Pergunte para quem usará a sua solução o que poderia ser feito para deixar o trabalho deles mais fácil.

Caso tenha alguma solução previamente definida, explique e pergunte o que pensam sobre ela, pode ser que já encontrem pontos que não irão funcionar antes mesmo de qualquer ação. Exemplo:

A dona de uma pizzaria queria informatizar um processo fazendo uma planilha de controle para seus funcionários. Após concluirmos o rascunho de como seria, e pedindo para o funcionário dela usa-la, este acabou demonstrando dificuldades em usar o Excel. Notamos que os outros funcionários tinham dificuldades até no uso mais básico do computador. Isso demonstrou que sua intenção de informatizar um processo não iria funcionar imediatamente. Seria necessário treinamento antes.

  • Antecipe efeitos colaterais

Caso a sugestão de solução agrade os envolvidos, fique atento para não criar outro problema. Para antecipar os efeitos colaterais é necessário conhecer como os processos se correlacionam. Exemplo:

Um departamento financeiro ao simplificar seu procedimento para ganhar tempo, acabou parando de registrar informações e guardar documentos que o contador necessitava para contabilizar as informações fiscais.

  • Integração da Equipe: em busca do mesmo objetivo

Depois desse primeiro contato, é necessário ainda envolver todos os outros experts das áreas de conhecimento que irão contribuir na criação de possíveis soluções. Existem detalhes técnicos, novas tecnologias, questões do mercado, e toda uma experiência única acumulada de cada profissional que enriquece, identifica limitações, antecipa falhas. Exemplo:

A melhor solução para um cliente exigia internet de alta velocidade, além da empresa não ter, na região não havia disponibilidade de internet rápida. Apenas o profissional mais técnico se atenta a esse tipo de detalhe. Ou seja, caso fosse implementada a solução, o projeto seria um fracasso e necessitaria ser refeito.

  • Apresentar a solução antes de executa-la

Após a solução ter sido encontrada, é importante fazer alguns rascunhos, protótipos, demonstrações ou simulações para apresentar para o cliente, funcionários e pessoas envolvidas.

A cada passo deve haver comunicação, validação, e feedback por parte do cliente. No desenvolvimento ágil mudanças são sempre bem vindas, quanto mais rápido se diagnosticar uma situação melhor.

  • Integrantes da equipe visitem o cliente

Numa primeira apresentação é interessante levar alguns integrantes da equipe, para que possam ter uma visão geral, conversar diretamente, esclarecer dúvidas. Com um protótipo na mão e toda a equipe reunida no cliente, facilita-se adquirir a clareza e falar a mesma linguagem.

É também uma forma de eliminar aquela falha de comunicação gerada pelo modelo tradicional que lembra a brincadeira do telefone sem fio.

  • Definir o primeiro Ciclo ou Sprint

Com uma visão clara e a equipe alinhada, deve-se criar um plano, dividindo o trabalho em tarefas simples de pouca duração, visando concluí-las em um período máximo de 6 semanas. Após a conclusão, o produto é testado pelo cliente, colhem-se os resultados e feedbacks, e se inicia um novo ciclo ou Sprint. Segue-se esse processo até a conclusão do projeto. A prioridade das tarefas é sempre determinada pelo seu grau de relevância, fazer o mais importante primeiro.

  • Reuniões

O SCRUM tem uma prática de reuniões diárias, que costumam ser no mesmo horário. Para serem objetivas são realizadas em pé, onde cada integrante que faz parte do Sprint responde a três perguntas:

  1. O que fez ontem?
  2. O que fará hoje?
  3. Há algum impedimento no seu caminho? Precisa de ajuda?

Dessa forma toda a equipe fica por dentro do que está acontecendo, tendo uma visão geral do projeto, havendo colaboração e evitando que alguém fique travado por muito tempo em alguma tarefa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Fazer muitas alterações e correções na criação de um novo produto ou serviço não é fracassar. Fracasso é entregar algo que não atende a necessidade do cliente, que complique e gere problemas mais do que simplifique.

Por mais simples que seja o trabalho, e mesmo que o faça sozinho, recomendo que sempre:

Escute -> Pergunte -> Implemente o mínimo -> Teste -> Avalie -> Aprenda no decorrer do processo -> Mude quantas vezes for necessário

Como VOCÊ poderia aplicar em SEU negócio?

Carlos Eduardo Camolesi
Empreendedor Serial e Programador

Espero que este guest post tenha sido útil pra você.

beijo grande

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